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Como é a morfologia da crosta oceânica?

Apesar do ciclo das “Grandes Navegações” ter ocorrido em meados do século XV e início do século XVI, apenas no século XIX foi tomada a iniciativa de se estudar cientificamente os oceanos. Hoje, por meio da Teoria da Tectônica de Placas, sabemos que a crosta terrestre do planeta Terra não é formada apenas por uma rocha única e homogênia. O movimento das placas tectônicas resulta em transformações no relevo de toda a superfície, seja continental ou oceânica. Pela batimetria (que obtém a medida da profundidade dos oceanos), sondas em navios, satélites e submarinos, é possível estudar a forma do relevo oceânico, que é composto por enormes “vales” conhecidos como fossas, cadeias de montanhas submersas, planaltos e etc, estando em constante mudança gerada por meio da deposição de sedimentos, força das marés, maremotos, vulcões e até mesmo através da própria movimentação das placas tectônicas. O estudo do relevo oceânico é importante para o entendimento da dinâmica interna do planeta, ou seja, o que acontece no seu interior, e suas resultantes, como por exemplo a destruição e formação de placas litosféricas e ilhas (a litosfera é a camada sólida externa de um planeta). A seguir, veremos as cinco principais morfologias da crosta terrestre no fundo dos oceanos.  

  

Plataforma Continental: corresponde à área continental na costa litorânea que se encontra submersa no oceano, coberta por sedimentos trazidos principalmente por rios, ventos e geleiras, a depender do local. Costuma não ter profundidade maior que 200 m e sua largura varia bastante, geralmente de 10 a 65 km, havendo excesões que podem chegar a mais de 600 km. De maneira geral, as plataformas do oceano pacífico são menos largas do que as do oceano atlântico. Essa área é considerada a mais importante do relevo oceânico, pois nessa região a luz do sol consegue alcançar praticamente o fundo do oceano, resultando na ocorrência da fotossíntese e crescimento do plâncton, que é indispensável à alimentação dos animais marinhos. Dessa maneira, essa é a área mais importante para a pesca. Essa área também abriga importantes concentrações de recursos minerais, além de concentrar grande parte do petróleo produzido atualmente.   

  

Talude Continental: é a zona de transição entre a crosta continental e oceânica, se estendendo até a planície abissal. Nessa área, o declive é bastante acentuado podendo chegar a uma profundidade de mais de 4000 m, o que permite o transporte violento de sedimentos que não se consolidam na plataforma continental. Dessa forma, a talude é coberta principalmente por argilas muito finas e restos de animais marinhos, uma vez que são frequentes as correntes de turbidez. Seu relevo não é regular, apresentando diversos desfiladeiros e vales submersos, além de ser possível encontrar em algumas regiões vulcões isolados enfileirados que são responsáveis por originar ilhas oceânicas, como as encontradas no Havaí. 

  

Planícies Abissais ou bacia oceânica: abissal é tudo que se refere a abismo ou algo muito profundo. As Planícies abissais, que são raras no oceano pacífico, correspondem à parte relativamente plana da crosta oceânica, e estão localizadas a uma profundidade de 4000 a mais de 6000 m, contendo uma extensão de 200 a 2000 km até os “rifts” (cadeias de montanhas originadas através de falhas na crosta terrestre) que podem, dependendo de sua altura, dar origem a ilhas oceânicas. Essas planícies contêm grande quantidade de sedimentos finos e matéria orgânica marinha, assim como no talude continental. Nessa zona profunda do oceano, a visibilidade é baixíssima, uma vez que a luz não alcança sua base, fazendo com que a temperatura seja baixa e a vida marinha seja menos abundante, predominando as algas, polvos gigantes e peixes cegos.  

  

Fossas Oceânicas: formadas a partir de grandes depressões no oceano, geralmente onde há o encontro de placas tectônicas convergentes (ou seja, que se movem uma em direção à outra), constituem as áreas mais profundas do oceano. As fossas oceânicas estão localizadas em zonas de subducção: onde ocorre há a movimentação de placas tectônicas densas mergulhando sob outra menos densa, que se funde em contato com o magma no interior da terra, resultando em grandes depressões estreitas, com declividade acentuada, ou seja, fendas profundas. Das 20 maiores fossas do Planeta, 17 delas estão localizadas no Oceano Pacífico, sendo a mais conhecida a Fossa das Marianas, que apresenta quase 11 km de profundidade, sendo considerada a mais profunda do mundo. 

  

Dorsal meso-oceânica ou cristas meso-oceânicas: refere-se ao conjunto de montanhas que estão submersas no oceano que, no total, se estendem horizontalmente por aproximadamente 65 mil quilômetros, possuindo em média 1.000 km de largura, em todo o Planeta. A mais famosa é a dorsal Meso-Atlântica, no Oceano Atlântico. As dorsais meso-oceânicas estão em áreas de intensa atividade vulcânica e sísmica, nos limites de placas divergentes, ou seja, que estão se afastando. À medida que ocorre a movimentação dessas placas no sentido oposto, ocorrem falhas por onde o magma sobe e escarpa, gerando no local uma nova crosta oceânica e cordilheiras. Em alguns lugares, dependendo da altitude dessas montanhas, seus picos podem emergir formando ilhas oceânicas, como por exemplo a Ilha de Páscoa, que fica localizada no Oceano Pacífico, e o arquipélago de Fernando de Noronha, no Oceano Atlântico.   

  

Há também outros tipos de relevo que podem ser encontrados nos oceanos, como por exemplo as “montanhas subaquáticas”, que são na maioria dos casos vulcões extintos que apresentam uma morfologia cônica, ou os “montes marinhos”, que correspondem a um conjunto de elevações que podem atingir em torno de 1000 m, entre outros. 

 

 

 Como referenciar este conteúdo: 

SILVA, Carolina Nunes da. Relevo Oceânico. Jovem Explorador, 30 out. 2020. Disponível em: blog_relevo-oceanico> 

 

 

 

Fontes consultadas: 

BRANCO, Pérsio de Morais. Relevo Oceânico. Serviço Geológico do Brasil. Disponível em: . Acesso em: 24 out. 2020.  

MATIAS, Átila. Oceanos. Mundo Educação. Disponível em: Acesso em: 22 out. 2020.  

Relevo Oceânico. Blog Oceano, 20 mai. 2010. Disponível em . Acesso em:  27 out. 2020.  

TESSLER, Moyses; MAHIQUES, Michel. Processos oceânicos e a fisiografia dos fundos marinhos. In: TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo, Oficina de Textos, 2000. p. 261-284.